CIRTA - Reabilitação Integrada

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Centro Integrado de Reabilitação e Terapias Aquáticas

DÚVIDAS

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Cães grandes & crianças pequenas



“Doutor, tenho um filho pequeno, que ainda está aprendendo a andar, e quero muito um cachorro. Qual o senhor sugere?”
Ouço essa pergunta com certa freqüência. E muitas vezes minha resposta não agrada ao cliente, porque ele já vem com uma raça pré-definida na cabeça, e na verdade busca apenas a minha aprovação, dizendo que sua escolha é muito boa. Mas tenho que ser sincero, comigo mesmo e com o cliente, e respondo baseado em minha convivência com os cães como profissional do ramo. E também falo o que eu faria, caso o filho fosse meu.
Bem, o ideal é que seja uma raça mansa, um cachorro do qual raramente se ouça falar em um indivíduo agressivo. Além disso, deve ser um cão paciente, daqueles que a criança possa apertar, puxar, brincar o dia inteiro e ele não se irrite. E, o principal (e ponto de maior polêmica), deve ser um cachorro pequeno.
Se eu já vi ou soube que cachorros grandes, enormes, que conviviam com crianças pequenas sem o menor problema? Claro que sim. Vários. Boxers, labradores, pastores alemães ou canadenses, e até mesmo rotweillers, cuja criança fazia até cavalinho em cima dele, sem que nada de mal acontecesse. Mas também já soube (embora raros), de casos de acidente, quando um cachorro se irrita por algum motivo e ataca a criança. O grande problema é que, por mais raro que seja esse tipo de acidente, quando acontece, costuma ser muito sério.
Vejam, é claro que sei que há muitas pessoas que deixam seus filhos pequenos brincarem livremente com cães grandes, até porque em muitos dos casos o cão é mais velho que a criança, ou seja, chegou antes dela. Mas uma coisa deve ficar bem clara, do ponto de vista de um médico veterinário: por mais confiável e afetivo que um cachorro seja jamais deixará de ser um cachorro e, como tal, pode, num determinado momento, perder a paciência. E os cães, quando irritados, costumam reagir com mordidas. Acreditem, em quase cem por cento dos acidentes envolvendo cães e seus próprios donos, o animal não teve a menor intenção de machucar o seu proprietário. Mas é a forma dele dar um “chega pra lá”, de dar um safanão em alguém. É a forma canina. É mordendo.
O grande problema, voltando a nosso assunto inicial, é que um “chega pra lá” de um cachorro de cinqüenta quilos, em um adulto, pode se traduzir em uma mordida dolorosa, em um furo na mão, ou em um arranhão no braço ou na perna. Mas o mesmo “chega pra lá” desse mesmo cão em uma criança de dez ou quinze quilos é algo muito mais sério. Pode ser um tombo feio, uma mordida na mãozinha delicada, ou mesmo no rosto, já que na maioria das vezes a cabeça da criança está na mesma altura da cabeça do cão.
Mas o que deve ser feito, então? Bem, na verdade, é muito simples. Para aqueles que ainda não têm nenhum cão, recomendo que esperem um pouco mais, até que a criança já esteja andando bem, e que cresça um pouco mais. E que, mesmo então, comprem um cão de porte pequeno. E para os que já possuem um cãozarrão e que esperam pela chegada de uma criança? Devem se desfazer do animal?
É claro que não! Também é simples. Minha recomendação, nesses casos, é simplesmente evitar deixar o cão e a criança sozinhos. Estar sempre presente, sempre atento, e sempre próximo. É prevenir, para não remediar.

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