CIRTA - Reabilitação Integrada

CIRTA - Reabilitação Integrada
Centro Integrado de Reabilitação e Terapias Aquáticas

DÚVIDAS

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Injustiça com uma criança

Dessa vez, excepcionalmente não falarei sobre nenhum assunto do universo dos animais de companhia. Em vez disso, discorrerei sobre um fato indescritivelmente injusto que aconteceu em um condomínio da Barra da Tijuca.
Uma senhora, avó de um menino, acompanhada de seu marido, começou a falar em voz alta, lançando acusações sobre o filho da empregada de uma outra senhora. Um menino negro, e pobre – portanto, na cabeça dessa senhora, indefeso.
- Olha, esse menino pegou o caminhãozinho do meu neto – disse ela, sob o olhar conivente de seu marido, na frente de várias pessoas. – Tudo bem, isso é coisa de criança, mas a mãe dele deve conversar com ele para que isso não vire um mau hábito...
- Me desculpe, mas tenho certeza de que está enganada. O caminhão deve estar em algum outro local do seu apartamento, porque o filho da minha empregada jamais faria isso – respondeu a outra.
Mas a primeira insistiu, dizendo que o menino tinha pego, com certeza, e que estava falando aquilo para o bem dele, para que a mãe o educasse.
Me pergunto se ele fosse filho de algum rico proprietário se ela teria feito a acusação da mesma forma... Aliás, no dia havia outras crianças no local, mas só ele foi acusado.
Bem, a senhora acusada foi ao apartamento do casal acusador, levando a empregada e o filhinho dela.
Apavorado, o menino olhava para os rostos que o fitavam.
- Olha, eu sei que você pode ter pego por engano, isso acontece. Pode dizer a verdade... – disse a acusadora.
O menino de cinco anos ficou assustado, e tentou se defender, dizendo que o caminhão tinha caído debaixo do sofá, que ele se lembrava daquilo.
- Não é verdade, eu já olhei debaixo do sofá – insistiu a senhora.
Apavorado, ele apontou para baixo do sofá, no local onde ele se lembrava do caminhão ter caído. Para surpresa do casal – mas não da mãe ou da patroa – eles encontraram o caminhão ali, exatamente onde o menininho dissera que estaria.
- Ah, então me desculpe, foi um engano – desculpou-se a senhora, como se aquilo fosse o suficiente para apagar todo o sofrimento, o medo e os traumas futuros que uma acusação dessa podem fazer a uma criança tão pequena.
Aproveito para pedir que cada leitor dessa coluna imagine se isso acontecesse com seu filho, seu neto...
Dessa vez minha coluna seria leve, com uma bela mensagem de Natal e Ano-Novo para todos os leitores. Mas há uma frase, do filósofo irlandês Edmund Burke, que diz “Para que o mal vença, basta que os bons não façam nada”.
Um feliz Natal e um excelente Ano-Novo, mas acima de tudo um final de ano com justiça, bondade e tolerância.
Até 2011...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Problemas com campanha de vacinação

Não é de hoje que presencio problemas com animais vacinados contra a raiva nas campanhasd do governo.
A idéia em si é louvável, afinal a raiva é uma zoonose fatal. Uma vez instalada no organismo de seres humanos ou animais, não há forma de combatê-la.
Mas algo na vacina utilizada não é bom para os animais, que apresentam diversos tipos de reações negativas, podendo ir de fortes reações alérgicas, letargia, e até a morte.
Segue abaixo uma matéria do site IG sobre os problemas da vacinação nessa última campanha.
Para que fique bem claro: a vacinação anti-rábica TEM que ser feita, obrigatoriamente. Em vez de ir em campanhas, entretanto, vacine seu cão ou gato em um médico veterinário. A vacina não é cara, e definitivamente vale a pena. E é só uma vez ao ano.


http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/suspensa+a+vacinacao+de+caes+e+gatos+em+todo+pais/n1237794895057.html

Combate ao abandono de animais

A Dra. Eliane Jessula, médica veterinária formada pela Universidade Federal Rural do RJ e com mais de vinte anos de experiência na clínica de pequenos animais, e animais silvestres, está iniciando uma campanha de conscientização e alerta para o problema dos animais abandonados.

Abaixo, o cartaz da campanha louvável da médica veterinária, com seus telefones.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Cão dono do dono


Pode parecer exagero, ou lenda, mas existe. E como.
Antes de mais nada é preciso que se entenda que o tipo de relação que você terá com seu cão deve ser baseado na personalidade dele. Há cães extremamente dóceis e de fácil trato? Sim, claro. E para esses eu posso dar mimos, deixar que façam tudo o que querem, sem ter problemas? Bem, não vamos tão longe assim, de deixar com que façam tudo o que quiserem – até porque todos devem ter limites -, mas esses cães dificilmente darão problemas, sejam relacionados com posse, territorialismo ou agressividade, seja simples desobediência ou arte.
Animais naturalmente dóceis e obedientes devem ter seus limites, e isso será simples dele aprender.
Agora, há cães que são de difícil trato desde o nascimento. Geniosos, nervosos, agitados, ferozes, desobedientes e implicantes. E, quando calha de um cão com esse temperamento cair com um dono que não impõe limites...bem, daí teremos exatamente o que diz o título lá em cima.
Mas o que pode ser feito?
Em primeiríssimo lugar deve-se pesquisar as características psicológicas da raça que se deseja adquirir. Veja se é exatamente isso o que se quer. Em caso de adoção de um vira-lata (parabéns!), deve-se utilizar um teste simples, que também deve ser feito pelos que optarem por um cão de raça – isso porque existem cães de diferentes personalidades dentro de uma mesma raça e até de uma mesma ninhada. Basta se segurar o pequenino em uma posição desconfortável (de barriga para cima, por exemplo), e ver como ele reagirá. Caso ele fique tranqüilo, aceite sem reclamar, sinal verde. Leve-o para casa sem medo. O mesmo vale caso ele reclame, esperneie, mas não fique histérico ou agressivo. O sinal amarelo se acende caso ele comece a gritar desesperado ou se debata demais. Pode se tornar um adulto agitado. E se ele tentar te morder, cuidado. Poderá ser um excelente cão de guarda. Mas como animal de companhia, dentro da sua casa... pode não ser o melhor.
Mas eu já tenho o meu “cão dono” adulto. E agora?
Bem, nunca é tarde para que ele aprenda. A frase “cão velho não aprende truque novo” é o maior engano. Mostre para ele quem manda (sem violência!). Uma boa dica é mandar que ele sente antes que você coloque comida para ele. Fazer aos poucos com que ele entenda que você é o líder, e não ele. Outra coisa boa é recompensar o fato dele PARAR de latir. Exemplo: ele late como um doido e você corre para fazer um carinho ou colocar a comida dele. Em vez disso, dê o carinho ou a comida quando ele ficar quieto. Assim ele começará a associar o silêncio dele com recompensas, e não terá motivos para latir alucinado.
Experimente levar seu amigo para uma consulta psicológico-comportamental com seu médico veterinário. Você receberá dicas e conselhos valiosos.
Grande abraço e até a próxima.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

9 de setembro - dia do médico veterinário


Nesse mês de setembro, no dia 9, será comemorado o dia do médico veterinário.
Esse profissional pode atuar desde o preparo de alimentos de origem animal, até a clínica e cirurgia de cães e gatos, passando pelos zoológicos, animais de produção, ou por esportes como turfe e hipismo olímpico. E muito mais.
Toda vez que comemos alguma carne, ou bebemos leite, ou mesmo salpicamos queijo ralado sobre o macarrão, saiba que um médico veterinário esteve envolvido no processo.
A formação desse profissional requer cinco anos de estudos em tempo integral, período esse em que aprende-se genética, nutrição, clínica, cirurgia, estatística, química fisiológica, virologia, bacteriologia, microbiologia entre outras tantas disciplinas. É um curso puxado, que requer muito estudo e dedicação.
Quando um veterinário dá “uma olhada” no seu cão ou gato, por trás disso há anos de estudo pesado, estágios, cursos e palestras. Há milhares de horas atrás de livros. Só de faculdade são cinco anos, período integral.
Os animais são parte da natureza, e nós somos parentes de todos eles. Tratar com respeito um animal nada mais é do que respeitar a si mesmo, e até aqueles que não gostam de ter animais por perto devem admitir isso. É obrigação de todo veterinário tratar os animais com lealdade e respeito, e acima de tudo honestidade. Honestidade para curar, diminuir o sofrimento e em caso de abate, fazê-lo com compaixão e humanidade. Honestidade com o proprietário, falando sempre a verdade, aconteça o que acontecer.
Além disso, o veterinário deve ter serenidade e equilíbrio, para defender os animais sem exageros, tendo em mente que é também nosso papel proteger os interesses do ser humano.
Isso é provado no juramento do médico veterinário, que todo formando deve fazer:
“Sob a
proteção de Deus PROMETO que, no exercício da
Medicina Veterinária, cumprirei os dispositivos legais e
normativos, com especial atenção ao Código de
Ética, sempre buscando uma harmonização perfeita
entre ciência e arte, para tanto aplicando os conhecimentos
científicos e técnicos em benefício da
prevenção e cura de doenças animais, tendo como
objetivo o Homem. E prometo tudo isso fazer, com o máximo
respeito à ordem pública e aos bons costumes, mantendo o
mais estrito segredo profissional das informações de
qualquer ordem, que, como profissional tenha eu visto, ouvido ou lido,
em qualquer circunstância em que esteja exercendo a
profissão. Assim o prometo.”

Mas o carinho e o amor pelos animais não se aprende na faculdade. Isso nasce com a gente, é uma vocação que todo médico veterinário deve ter. Uma vocação que os pretendentes a veterinários têm que ter. Qualquer outro motivo que o leve para essa carreira, perde o sentido sem essa vocação.
Grande abraço e até a próxima.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Cães grandes & crianças pequenas



“Doutor, tenho um filho pequeno, que ainda está aprendendo a andar, e quero muito um cachorro. Qual o senhor sugere?”
Ouço essa pergunta com certa freqüência. E muitas vezes minha resposta não agrada ao cliente, porque ele já vem com uma raça pré-definida na cabeça, e na verdade busca apenas a minha aprovação, dizendo que sua escolha é muito boa. Mas tenho que ser sincero, comigo mesmo e com o cliente, e respondo baseado em minha convivência com os cães como profissional do ramo. E também falo o que eu faria, caso o filho fosse meu.
Bem, o ideal é que seja uma raça mansa, um cachorro do qual raramente se ouça falar em um indivíduo agressivo. Além disso, deve ser um cão paciente, daqueles que a criança possa apertar, puxar, brincar o dia inteiro e ele não se irrite. E, o principal (e ponto de maior polêmica), deve ser um cachorro pequeno.
Se eu já vi ou soube que cachorros grandes, enormes, que conviviam com crianças pequenas sem o menor problema? Claro que sim. Vários. Boxers, labradores, pastores alemães ou canadenses, e até mesmo rotweillers, cuja criança fazia até cavalinho em cima dele, sem que nada de mal acontecesse. Mas também já soube (embora raros), de casos de acidente, quando um cachorro se irrita por algum motivo e ataca a criança. O grande problema é que, por mais raro que seja esse tipo de acidente, quando acontece, costuma ser muito sério.
Vejam, é claro que sei que há muitas pessoas que deixam seus filhos pequenos brincarem livremente com cães grandes, até porque em muitos dos casos o cão é mais velho que a criança, ou seja, chegou antes dela. Mas uma coisa deve ficar bem clara, do ponto de vista de um médico veterinário: por mais confiável e afetivo que um cachorro seja jamais deixará de ser um cachorro e, como tal, pode, num determinado momento, perder a paciência. E os cães, quando irritados, costumam reagir com mordidas. Acreditem, em quase cem por cento dos acidentes envolvendo cães e seus próprios donos, o animal não teve a menor intenção de machucar o seu proprietário. Mas é a forma dele dar um “chega pra lá”, de dar um safanão em alguém. É a forma canina. É mordendo.
O grande problema, voltando a nosso assunto inicial, é que um “chega pra lá” de um cachorro de cinqüenta quilos, em um adulto, pode se traduzir em uma mordida dolorosa, em um furo na mão, ou em um arranhão no braço ou na perna. Mas o mesmo “chega pra lá” desse mesmo cão em uma criança de dez ou quinze quilos é algo muito mais sério. Pode ser um tombo feio, uma mordida na mãozinha delicada, ou mesmo no rosto, já que na maioria das vezes a cabeça da criança está na mesma altura da cabeça do cão.
Mas o que deve ser feito, então? Bem, na verdade, é muito simples. Para aqueles que ainda não têm nenhum cão, recomendo que esperem um pouco mais, até que a criança já esteja andando bem, e que cresça um pouco mais. E que, mesmo então, comprem um cão de porte pequeno. E para os que já possuem um cãozarrão e que esperam pela chegada de uma criança? Devem se desfazer do animal?
É claro que não! Também é simples. Minha recomendação, nesses casos, é simplesmente evitar deixar o cão e a criança sozinhos. Estar sempre presente, sempre atento, e sempre próximo. É prevenir, para não remediar.

domingo, 15 de agosto de 2010

ADOÇÃO


Todos os dias, muitas pessoas decidem adquirir um animal de estimação. Destas, a maioria opta por um cachorro ou gato, os mais populares entre os pets. Opção é o que não falta: há dezenas de lojas espalhadas por toda a cidade, oferecendo os filhotes mais fofos do mundo, de todas as raças imagináveis. Há também a internet, onde se encontra qualquer tipo de cachorro ou gato que se deseje comprar.
Quando alguém decide ter um cão ou gato como animal de estimação, geralmente se deixa levar pela aparência do bichinho na hora de fazer sua escolha. Optam por aqueles que acham mais bonitos, e fica praticamente impossível dizer não depois de ver a carinha fofa dos filhotes que ficam expostos nas vitrines, brincando e choramingando, praticamente pedindo para serem levados para casa. Isso é uma coisa saudável, normal, e que deve realmente ser feita. Mas é importante saber que há outras formas de se arrumar um novo amigo.
Diariamente, centenas de cães e gatos nascem sem lar, filhos de vira-latas que viveram na rua toda a sua vida, e que terão o mesmo destino dos pais: viver a mercê da sorte, vagando solitários por ruas sujas, comendo o que puderem encontrar no lixo, sendo maltratados pela maioria, acolhidos por uns poucos, até morrerem atropelados, ou largados doentes em algum canto. Isso se sobreviverem aos primeiros dias, quando são atacados por vermes e doenças que se aproveitam da ausência de vacinas para se instalarem. Esses morrem antes de completarem dois meses.
Muitos desses animais, entretanto, têm a sorte de serem recolhidos por pessoas que se importam com eles, e são medicados, tratados, vacinados, vermifugados, e, grande parte das vezes, castrados. Mas isso só não basta. É preciso que arrumem um dono que continue cuidando deles para que não voltem para as ruas. É preciso que sejam adotados.
Por isso, peço a todos aqueles que decidirem que é hora de terem um cão ou gato: pensem com carinho na opção ADOÇÃO, antes de tudo. Aliar a vontade de ter um novo amigo com uma boa ação seria mais do que perfeito, e não tenham dúvidas de que um vira-lata, muitas vezes, é o mais fiel e inteligente companheiro que se pode ter.
Livre-se do preconceito e procure, na internet ou com seu médico veterinário, locais confiáveis que doem animais. Você não vai se arrepender, e ele vai te agradecer para o resto da vida.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Verme do Coração



Quem tem cachorro já deve ter ouvido falar. Agora está na hora de saber exatamente quem é, o que pode causar, e como deve-se evitar esse parasita tão perigoso.
O “verme do coração” ou dirofilariose, é causada por um verme que parasita o interior do coração dos cães. A doença pode acometer aos gatos, embora seja bem mais rara que nos cães. A transmissão se dá através da picada de mosquitos que são mais freqüentes em regiões litorâneas.
Os mosquitos inoculam microfilárias no sangue dos animais. Essas pequenas larvas vão para os pulmões, onde crescem e se desenvolvem. Em cerca de seis meses elas se desenvolvem em adultos, e migram para o coração.
Essa verminose, muitas vezes, não causa sintomas evidentes nos animais. É possível, portanto, que um animal esteja parasitado sem que se saiba disso. Para se fechar um diagnóstico, há exames específicos de sangue. O problema é que, uma vez os vermes adultos desenvolvidos instalados no coração do animal, o tratamento é difícil e penoso.
Não tratar é perigoso, porque os animais infectados podem desenvolver dilatação cardíaca, fraqueza, problemas renais...
Por outro lado, matar os vermes através de um vermífugo também pode ser perigoso, pois há casos de morte súbita por tamponamento dos vasos cardíacos ocasionados pela morte em massa dos vermes adultos.
Então fica claro que o melhor é a prevenção.
O método mais comum e difundido é a administração de medicações – geralmente uma vez ao mês – via oral, que matam qualquer eventual microfilária que possa ter sido inoculada no sangue através de um mosquito. Essas medicações matam as microfilárias (formas jovens da dirofilária), antes que elas tenham a chance de se transformarem em adultos dentro do coração.
Outro método são medicações do tipo top spot – aquelas que se passam na nuca dos animais – que repelem mosquitos. Dessa forma, animais que vão viajar para regiões onde a incidência dos mosquitos transmissores da dirofilariose é grande (Região dos Lagos ou Costa Verde, por exemplo), podem usar essa medicação para manter os transmissores longe.
Grande abraço e até a próxima.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

COMO ENSINAR O SEU CÃO A SE PORTAR COMO UM GENTLEMAN



1 – Pegue-o ainda filhotinho e olhe fixamente para seus olhos grandes e curiosos.
2 – Resista firmemente à vontade irresistível de pegá-lo e amassá-lo como se fosse um bicho de pelúcia.
3 – Ainda olhando fixamente, aponte seu dedo indicador para ele e diga pausadamente: “não roa os pés das cadeiras! Não roa os pés da mesa que ganhei de casamento e que custou uma fortuna!”
4 – Limpe a ponta do dedo onde ele acabou de dar uma lambida em uma toalha limpa.
5 – Segure o riso e a vontade de dizer “coisinha mais linda”, mantenha o tom de voz firme e diga: “não suba no sofá novo!”
6 – Em hipótese alguma sorria quando ele virar a cabecinha como se estivesse tentando te entender, depois de subir no sofá.
7 – Pegue um jornal para bater de leve na ponta do focinho dele, enquanto diz em voz rosnada: “não!”
8 – Puxe delicadamente, e sem se derreter, o jornal que ele agarrou com a boca e está tentando tirar de você para brincar.
9 – Largue o jornal, tire-o de cima o sofá, fique de pé, encare-o fixamente e diga mais uma vez, subindo um pouco o tom de voz: “não!”
10 – Contenha-se! De jeito nenhum faça carinho na barriguinha dele (que está com as patinhas para o ar, olhando para você como se sorrisse. Tudo isso em cima do sofá)
11 – segure-o firmemente bem em frente ao seu rosto, mostrando para ele que quem manda é você.
12 – Ponha-o no chão, limpe a ponta do seu nariz com aquela mesma toalha, ignore o fato dele ter lhe dado uma lambida e fique firme.
13 – Vá atrás dele, retire-o de perto dos pés da mesa, ignore o fato dele estar abanando o rabinho e achando aquilo tudo muito divertido, mostre o sapato roído e diga, fazendo a cara mais feia possível: “não! Não pode roer o sapato social da mamãe!”
14 – Tome um copo d’água para se acalmar, correndo em seguida para tirar o chinelo do seu marido da boca dele. Não o mime, mesmo ele colocando as orelhinhas para frente e fazendo aquela expressão curiosa.
15 – Desista e vá a um médico veterinário para que ele lhe explique como ensinar o seu filhote, ou procure um adestrador indicado por alguém e relaxe enquanto ele aprende a ser um gentleman.

sexta-feira, 9 de abril de 2010


- Me explica esse negócio de se lamber – começou.
- É para nos mantermos sempre limpos, asseados, lindamente maravilhosos – respondeu o imenso vira-latas preto e branco, fechando os olhos e dando uma lambida na pata cuja pontinha era branca.
- Mas vocês não tomam banho! Como podem se considerar limpos e asseados?
- Ora, você já me viu com cheiro ruim?
- Muitas vezes – disse irônico.
- Você sentiu um odor das minhas “necessidades”, no máximo. Mas isso é um cheiro delicioso. Muitas vezes mal apreciado, concordo, mas não é fedor de sujeira.
- Então tá: quer dizer que vocês tiram a sujeira do corpo com a língua? E a sujeira vai pra onde? Vocês engolem? – Ele fez cara de nojo.
- Olha quem fala. Vocês só tomam banho porque são obrigados pelos donos. E metem a língua em lugares muito piores...
O outro ia dar uma resposta atravessada, mas se segurou.
- E como fazem para mexer só a pontinha do rabo? Confesse, é um movimento involuntário...
- Involuntário nada! – Respondeu, ofendidíssimo. – Temos controle sobre todos os músculos de nosso maravilhoso e elástico corpo.
- Metido pacas você, hein...
- Ah, tá, e vocês se acham pouca coisa, até parece...
- Como assim? – Ele sentou e virou a cabecinha, fitando o outro com curiosidade.
- Ora, vocês são nada mais nada menos do que “o melhor amigo do homem” – ele fez uma careta e revirou os grandes olhos amarelados.
- Opa! Olha a inveja... – provocou, ficando em pé e mexendo as patinhas da frente, numa graça que ambos sabiam que deixava qualquer pessoa babando.
- Então tá! Então somos os “melhores amigos da mulheres e das crianças”! – Ele estava irritado. Arrependeu-se imediatamente de sua leve perda de compostura, voltando a lamber languidamente a ponta da pata.
- Olha, sem briga, somos todos os melhores amigos deles, ok?
Os dois sorriram um pro outro; um deu uma lambida de leve na ponta do focinho do outro, enquanto este arrastava a lateral do corpo contra o amigo, ronronando prazerosamente.
Sem entender uma palavra do que eles diziam, o dono dos dois sorriu divertido ao ver a troca de carinhos entre cão e gato.

quarta-feira, 17 de março de 2010

REPRODUÇÃO CANINA


- Por que os cães ficam grudados depois do ato sexual?
Quem já viu isso acontecer deve ter percebido que não é por vontade própria que eles ficam naquela posição depois do ato. Eles ficam presos mesmo, e só depois de algum tempo conseguem se liberar. Isso acontece, na verdade, por uma manobra inteligente da natureza. No pênis dos cães há uma estrutura conhecida como bulbo (se você tiver um cão macho em casa, pode perceber isso. É uma estrutura bilateral, arredondada, que fica aproximadamente a meio caminho entre a ponta do pênis e a bolsa escrotal), que muita gente acha que são os testículos que sobem até o corpo do pênis. Mas pode reparar, quando essa estrutura estiver bem visível, os testículos continuam lá, no mesmo lugar.
Na hora do ato sexual, esse bulbo incha (bem como todo o corpo peniano), ficando ingurgitado com sangue. Assim, na hora da ejaculação, esse bulbo inchado trava o cão dentro da cadela, obrigando-o a ficar ali até que todo o sêmen seja expelido. Dessa forma, o sêmen é aproveitado da melhor maneira possível, otimizando o processo reprodutivo dos cães.

- Existem cães com um só testículo? E até sem nenhum? É um defeito de nascimento?
Sim. Sim para todas as perguntas.
Os cães cujos testículos não descem para a bolsa escrotal são chamados de criptorquídicos. Esse problema pode ser uni ou bilateral. Ou seja, o animal criptorquídico pode ter apenas um testículo na bolsa, ou nenhum. Muitas vezes, o “testículo perdido” pode estar visível sob a pele, na virilha, ou no corpo do pênis. Outras vezes está sumido mesmo, sem nem um sinal dele. Mas há algum problema nisso?
Esses animais devem ser imediatamente descartados da reprodução. Trocando em miúdos, não podem cruzar, mesmo capazes de emprenhar uma cadela. Isso porque esse problema é genético, e pode ser passado para os descendentes. O testículo perdido deve ser encontrado, e posteriormente retirado. Se isso não for feito, o cão pode correr o risco de desenvolver um tumor nesse testículo.
Não é a toa que órgãos tão importantes como os testículos ficam em uma bolsa, do lado e fora do corpo. Eles precisam ficar em uma temperatura ligeiramente mais baixa do que a do resto do corpo. Quando o testículo não desce, ele fica permanentemente em uma temperatura mais alta do que deveria. O resultado pode ser a formação de tumores, que podem ser benignos ou malignos.

- Cadelas de diferentes raças podem ter mais ou menos filhotes numa mesma ninhada?
Sim. O número de filhotes em uma gestação depende de vários fatores, e o fator racial é crucial. Cadelas da raça labrador, por exemplo, têm mais filhotes do que as buldogues. Antes de cruzar sua cadelinha, procure um veterinário que lhe dê uma idéia do número de filhotes que podem vir. Isso pode evitar surpresas.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

ANIMAIS DE LABORATÓRIO


“Doutor, tenho visto bastantes debates sobre o uso de animais nos laboratórios de pesquisa. Há políticos que fazem propaganda contra o uso de animais e dizem que isso é uma crueldade, um mal desnecessário e um desrespeito aos animais. Tenho alguns amigos que são radicalmente contra o uso dos animais, dizendo que eles são maltratados e usados sem motivo, e que isso tem que acabar o mais rápido possível. Como médico veterinário e acima de tudo, presumo, como amante dos animais, o que o senhor acha dessa polêmica?”
Cristiane.
Esse é um tema muito delicado. Em primeiro lugar, obviamente sou um amante dos animais. Desde bem pequeno, sempre me recusei a maltratar qualquer animal que fosse, mesmo um inseto, por mais feio e assustador que me parecesse. Cresci com um profundo sentimento de respeito e amor pelos animais, e acredito piamente que eles têm direito à melhor qualidade de vida possível, e foi exatamente por isso que escolhi cursar medicina veterinária. Mas uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Quanto ao uso de animais na pesquisa biológica, ou seja, dentro dos laboratórios, tenho que ser a favor. Isso porque, infelizmente, apesar de haver um esforço muito grande na busca de alternativas para a pesquisa biológica (na Inglaterra, por exemplo, tenta-se ao máximo eliminar o uso de animais), há momentos em uma linha de pesquisa em que o uso de animais ainda é imprescindível. Caso esse tipo de proibição fosse aprovado, o avanço na descoberta e desenvolvimento de novas vacinas e medicações (quimioterápicos para o câncer ou vacinas contra a AIDS, por exemplo) seria imensamente prejudicado. O retardamento nesse tipo de pesquisa poderia custar milhares, talvez milhões de vidas humanas, pois enquanto se estaciona na pesquisa de medicações e vacinas, as doenças avançam impiedosamente.
O grande problema, acredito, está na desinformação dos leigos. E também no isolamento dos pesquisadores, que não se esforçam para divulgarem como e por que os animais usados são tão importantes, e a forma como são tratados nos biotérios (locais onde são criados e mantidos).
Mas, uma excelente solução para aqueles que como você querem realmente formar uma opinião de verdade (e não apenas se colocarem contra, sem entenderem e nem se interessarem em conhecer como as coisas são), é visitar a Fiocruz, considerada um modelo no mundo inteiro, conhecer seus biotérios e ver como os animais são tratados lá.
Recentemente, a Fiocruz convidou os vereadores do Rio de Janeiro para visitarem suas instalações, mas apenas três compareceram, apesar de muito outros terem votado contra o uso e animais na pesquisa científica. Será que esses vereadores que proclamam seu amor aos animais e pedem em discursos acalorados que seu uso na pesquisa seja proibido sabem realmente do que estão falando? Será que têm conhecimento científico e capacidade técnica para decidir sobre essa questão?
Sua opinião, Cristiane, é soberana. Mas é sempre preciso conhecer antes de julgar, de tomar partido.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

A IMPORTÂNCIA DA PROFISSÃO


Outro dia conversava com um conhecido quando ele trouxe à tona um tema de que não falava desde as discussões acaloradas com meus colegas de universidade – os que seguiam o ramo de inspeção de alimentos ou de grandes animais (bovinos, ovinos, eqüinos etc).
Este conhecido, assim como os citados colegas da época da universidade, me perguntava se eu não ficava me sentindo inútil por cuidar dos “cachorrinhos de madame”.
- Quero dizer, há profissões muito importantes, importantes de verdade. Ora, você tem que reconhecer que cuidar de “cachorrinhos de madame” não é uma profissão essencial... – disse, em tom irônico.
Na hora fiquei irritado. Quer dizer, fiquei furioso mesmo! Como alguém pode dizer algo assim? Como alguém pode ter a pretensão de querer saber o que é mais ou menos importante? E os cães que são usados pelos policiais, bombeiros e guardas municipais, para ajudar a manter a ordem, procurar drogas nos aeroportos, achar coisas e pessoas desaparecidas? E os guias de cegos, que são um instrumento de suma importância para os portadores dessa deficiência? E os cães de guarda, que dão suas vidas para salvar os donos, atracando-se com bandidos? Muitas pessoas vivem sozinhas em casas em locais muito perigosos (fato comum no Rio de Janeiro), e têm como última barreira de segurança o cão, que afugenta os larápios.
E, por que não, discorri também sobre a importância dos cães, gatos, pássaros e afins que têm como única função a de ser uma companhia para seus donos. Será que não tem a mínima importância um animal desses? Será que uma pessoa sozinha (solteiros, viúvos, idosos, ou quem quer que seja), chegar em casa e ser recebido pelo seu animal de estimação, aliviando as tensões da solidão e o estresse do dia a dia, não é importante? Será que o carinho, o amor nascido entre homem e animal, não é importante? E o que dizer das crianças, que desde cedo podem desenvolver a noção de respeito e amor pelos animais, além de aprenderem a ter responsabilidades (levar para passear, cuidar da data das vacinas, levar ao veterinário quando estiverem doentes...)?
Se um animal de estimação, de companhia, um “cachorrinho de madame” não tem importância nenhuma, então um amigo, um colega de trabalho, também não tem. Ora, qual é a função do amigo, se não fazer companhia, conversar, aliviar as tensões e dividir os problemas?
Mas, de repente, me dei conta de que estava perdendo meu tempo, assim como perdia quando usava esses mesmos argumentos contra aqueles colegas lá da universidade. Dei-me conta de que isso é tão óbvio, tão evidente, que só uma pessoa de pensamento curto pode ter esse tipo de opinião. E então, coloquei em prática uma das máximas que norteiam minha vida. “Jamais discuta com ignorantes”.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

BERNE vs BICHEIRA

mosca da bicheira Mosca da berne


Quem tem cães e mora em casa, provavelmente já passou por esse problema. Quem jamais passou, certamente já ouviu falar em berne e bicheira. Mas o que são esses problemas. E serão eles distintos ou sinônimos para uma mesma coisa?
Em primeiro lugar, a berne e a bicheira são, sim, coisas distintas, apesar de similares sob alguns aspectos.
Ambas são larvas que parasitam os animais. Têm o formato e o aspecto semelhante – embora a berne seja bem maior do que a larva da bicheira – também conhecida como miíase. As duas são transmitidas por moscas de coloração metálica – muitas vezes chamadas de varejeiras. E, para piorar, as duas larvas podem ser transmitidas para o ser humano. Mas então é ou não é a mesma coisa?
Vamos às diferenças básicas: a mosca da berne (Dermatobia hominis) é de uma espécie diferente da mosca da bicheira (Cochliomyia hominivorax). No caso da berne, a mosca captura outros insetos (como moscas domésticas, por exemplo) e deposita seus ovos sobre elas, utilizando-as como “transporte”. Ela pode, ainda, depositar seus ovos sobre plantas. Os ovos, ao entrarem em contato com a pele íntegra, ali se aderem, até que as pequenas larvas eclodem, penetrando na pele. Então, as larvas começam a se alimentar de tecido vivo, mas sem penetrar na musculatura, ficando apenas sob a pele. E cada larva de berne fica em seu próprio espaço. Ou seja, em cada orifício existe apenas uma larva.
No caso da bicheira, a mosca deposita seus ovos diretamente sobre o hospedeiro, mas não na pele íntegra. Ela é atraída por feridas abertas, e só ali deposita seus ovos. Muitos ovos. As larvas eclodem e rapidamente se instalam na ferida, começando a se alimentar do tecido vivo, devorando pele, músculo, tendões, o que houver pela frente, até sobrar apenas osso. Não há limite para a penetração das larvas da miíase. Um animal ou pessoa que não se tratar pode morrer pela boca voraz das larvas. Em cada orifício de penetração da bicheira (que muitas vezes não são simples orifícios, mas verdadeiros buracos) pode haver várias larvas.
O tratamento para as duas é similar, pois consiste na retirada das larvas e - principalmente no caso das bicheiras – no tratamento subseqüente das feridas que ficam no animal. Há, atualmente, medicamentos que auxiliam no tratamento, matando as larvas de dentro para fora, facilitando a retirada das mesmas e evitando que uma ou outra não seja visualizada, e permaneça devorando seu animal.
A retirada das larvas deve ser feita APENAS por médicos veterinários ou enfermeiros experientes. Isso porque, no caso da berne, a larva secreta uma substância que evita infecções. Mas, se na hora da retirada a larva se partir, não sair completamente, deixar pedaços dentro da pele, haverá uma infecção séria, e tratamento será muito mais difícil. No caso das bicheiras, além de ser um processo doloroso para o animal, muitas vezes há estruturas importantes sendo devoradas, como vasos calibrosos, feixes de músculos ou ligamentos. Se a pessoa não souber exatamente o que está fazendo, pode puxar por engano alguma dessas estruturas, e machucar gravemente o animal.
No caso de suspeita de uma dessas doenças, leve seu amigo imediatamente a seu médico veterinário de confiança. Não perca tempo, porque o tempo, nesse caso, é seu inimigo.